Entenda a lei que entra em vigência a partir de sete de agosto. Com a aprovação, altera o padrão da trabalhadora que serve café, almoço e jantar. “Se as empregadas não existissem, o clima pesaria. A mulher teria cobrado do homem maior interesse em casa. “Quem quer ser servido deve pagar.
Quem serve tem seus deveres, porém assim como seus direitos. Este texto, de janeiro de 1967, abre uma reportagem de CLAUDIA intitulada “Patroas e empregadas: uma delícia de guerra”. Muito atual, ele serve para começar a discussão a respeito os impactos da atual lei das domésticas pela vida dos brasileiros. Marco histórico – quase a segunda abolição da escravatura -, em validade desde dois de abril, ela deu feitio profissional às 6,5 milhões de mulheres que exercem a comida, a limpeza e dão colo às criancinhas.
É o batalhão de retaguarda que assume a residência e a maternagem no lugar da patroa – para que ela possa sair por 10, 11, doze horas como se não tivesse se ausentado. Alguém está carregando o piano em seu nome. As domésticas são, pela maior quantidade dos casos, o único recurso com o qual a mulher conta desde que decidiu, pela década de 1960, entrar no mercado de trabalho.
A organização, o Estado e a maioria dos maridos insuficiente contribuem com o projeto de liberdade feminina e nem se preocupam em providenciar uma estrutura pra que as mulheres continuem produzindo e enriquecendo a cultura e vida pública nacional. O desespero bateu em casa com a limitação da jornada da doméstica em quarenta e quatro horas semanais (oito horas por dia, 4 no sábado) e os outros direitos que elas conquistaram.
- Preço Acessível
- 3- Se indispensável, peça socorro
- Sensação de queimação
- Investindo em ações
A disputa, de que falava a reportagem há quarenta e seis anos, se multiplicou em algumas competições. Uma delas entre os casais. No dia em que a Proposta de Emenda Constitucional, a PEC das Domésticas, foi aprovada no Senado – março de 2013 -, o marido da engenheira mineira Ana Míriam Malta, trinta e nove anos, chegou alarmado: “E neste momento?
O que é que você vai fazer sem empregada? Vai preservar e pagar hora extra? ” Ana Míriam ficou possessa: “Meus filhos assim como são seus, a casa é tua. Você sai de camisa limpa e passada e encontra o jantar pronto na volta. Pretende viver sem ela e, finalmente, pegar no pesado? Na discussão, que se estendeu por horas, a dupla tentou decidir quem iria se responsabilizar pelo quê – das compras no mercado à lida com as gurias, de 7 e 8 anos, e o cachorro. Rebecca Reichmann Tavares, representante da ONU Mulheres no Brasil, vai além: “Alguém consegue pensar um dia de greve geral das domésticas?